A relação entre a infância e a inteligência artificial
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Uma das coisas que mais tem surpreendido nos últimos três anos é o avanço da inteligência artificial, e não há como negar que o avanço significativo foi dado após todo o marketing ao redor de Watson vs Humano no Jeopardy.
Não é pelo fato de empresas não dedicarem seu foco em computação cognitiva, mas sim pelo status que aquela ação gerou, trouxe toda a idéia de inteligência artificial que existe há mais de cinquenta anos à tona com uma pergunta implícita “Será que não é o momento de voltarmos a analisar se podemos prosseguir com inteligência artificial, com os recursos que temos atualmente?”
Por trabalhar ao longo dos últimos dois anos, inúmeras vezes eu fui questionado se a AI (permanecerei com a sígla em inglês nesse texto) poderia substituir o humano, e com o meu conhecimento naquele momento, defini que não era possível, dado o fato de que ela não é capaz de aprender sozinha exatamente como o ser humano faz para aprender.
Ao refletir nesse caso que aconteceu diversas vezes, me perguntei o que era necessário para aprendermos algo quando criança, e obtive a seguinte “formula” de um jeito mais genérico:
Aprendizado = Informação + Sentimento + Feedback externo
O que isso seria?
Uma criança, ao aprender o que significa Casa e associar a uma imagem, sabe apenas o que é um desenho, mas isso não dá o significado pra ela. Ao aprender então o significado de “Minha” e “Sua”, associa os estímulos visuais que as palavras recebem em conjunto:
Meu = associado a algo que foi lhe dado, algo que é rotineiro e você se sente Confortável (Feliz + Relaxado)
Seu = associado a algo que lhe causa estranheza, algo que não é rotineiro e você se sente Desconfortável (Surpreso + Tenso)
Casa = Objeto inanimado associado a uma imagem, ou uma porção de imagens semelhantes.
Percebam que a AI só poderá evoluir significativamente quando os estímulos visuais se unirem às palavras? Um animal doméstico é inteiramente capaz de compreender estímulos visuais, ele sente o toque do dono, vê o sorriso do dono e associa a alegria, vê a tristeza do dono, vê a raiva do dono, e assim por diante, mas não é capaz de falar, não é capaz de criar um diálogo.
Ou seja, a inteligência cognitiva nesse caso representa quão bem é a sua associação de sentidos internos e estímulos externos, com sua capacidade de se comunicar.
Se definirmos notas de 0 a 10 para níveis de inteligência cognitiva em determinado momento, teremos:
- Um animal doméstico adulto tem a inteligência cognitiva 7
- Um bebê recém nascido tem a inteligência cognitiva 4
- Um bebê de cinco meses tem a inteligência cognitiva 7
- Um adulto tem a inteligência cognitiva 10 (arbitrariando que a nota máxima representa a inteligência do ser humano)
- Uma IA, tal qual o Watson, Cortana ou outros, possui a inteligência cognitiva 3
- O conjunto de inteligências como: Speech Recognition, Computational Vision, Sentiment Analyzer, Tone analyzer, Natural Language Understanding + Processing, terá a inteligência cognitiva 8, ou superior, dependendo do tempo de trabalho em cima delas.
O conceito aqui era para explicar o quão longe, ou não, estamos de uma inteligência similar ao ser humano. Os valores estipulados não são estudados com base nisso ou naquilo, mas com base em minha experiência em IA nos últimos dois anos, e não devem ser usados de forma literal, mas para lhe dar uma idéia de onde podemos chegar.
A evolução é necessária, mas ela deve ser feita com cautela.